segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O post da praxe

Desde que houve aquele incidente no Meco que é impossível ir ao facebook sem que me apareça à frente um texto sobre a praxe e, normalmente, não leio mais do que três palavras porque já sei que as conclusões são sempre as mesmas: ou "A praxe é horrível, devia ser abulida" ou "A praxe é vida, não devia haver faculdades sem praxe".
Acho que as pessoas têm sido demasiado extremistas, estando eu no primeiro ano da faculdade (sou caloira, portanto), mesmo antes de lá pôr os pés, já tinha decidido que ia às praxes, nem que fosse para experimentar no primeiro dia e, se não gostasse, nunca mais lá voltar. Quando fui fazer a inscrição vieram logo dois trajados falar comigo e antes que eu tivesse tempo de explicar que só queria ir experimentar, eles próprios quiseram deixar claro que ninguém era obrigado a ir e que podia ir lá só ver como era, o que me deixou logo mais descansada. Devo dizer que, no primeiro dia, não gostei nada daquilo, achei que aquelas pessoas à nossa frente, tinham um enorme complexo de superioridade e que não sabiam distinguir a praxe da vida real. Mesmo assim, e como os meus colegas me convenceram, resolvi dar outra oportunidade e continuei a ir. Com o passar do tempo, fui percebendo que as coisas não eram tão lineares quanto isso, a maior parte dos "veteranos" e "doutores" preocupavam-se connosco, tinham sempre o cuidado de ver se estávamos todos à sombra e se chegávamos as horas às aulas mesmo que fosse dia de praxe e fora do local onde éramos praxados, tratavam-nos como iguais, perguntavam sempre se estávamos a gostar do curso, como estava a correr e se a praxe não nos andava a ocupar demasiado tempo. Claro que entre esses também havia sempre os arrogantezinhos que nem olhavam para nós nos corredores e que davam discursos infindáveis sobre como temos que respeitar os nossos superiores (coisa que eles não são) e como a praxe é uma metáfora para a vida lá fora mas esses estavam e ainda estão em minoria.
Hoje, continuo na praxe e continuo a achar que há coisas que nos fazem que são ridículas e não têm sentido nenhum, muitas vezes no dia a seguir à praxe nem sequer consigo subir escadas devido às dores musculares de tanto "encher" mas também continuo a aturar tudo isto porque há coisas que valem a pena. Arranjei um padrinho e toda uma família que eu adoro e que me adora a mim, fiz amigos que se tivesse desistido naquele primeiro dia, provavelmente não tinha feito, tive acesso a um enorme leque de apontamentos e livros que o meu padrinho me arranjou e vivi coisas que tão cedo não vou esquecer (não se ponham com ideias estranhas, estou falar de todos os jantares, todas as saídas, todos os jogos e actividades...).
Portanto não, a praxe não é uma metáfora  para a vida nem nada que se pareça e vivia muito bem sem ela mas também não é aquela coisa horrível que toda a gente pinta, caso seja feita com moderação, claro.

P.S.: Para o ano não vou praxar ninguém mas vou trajar, vou arranjar um afilhado e vou continuar a ir aos jantares e actividades da praxe.

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